Dicionário de Expressões Populares
"Vestir A Carapuça" - Durante a Idade Média, a Igreja Católica estabeleceu a chamada Inquisição, um tribunal eclesiástico que julgava e punia os hereges. Aqueles que se apresentavam perante o mesmo deveriam usar uma túnica com o formato de um poncho e um chapéu longo e pontiagudo, isto é, a carapuça. A partir daí surgiu a expressão “vestir a carapuça”, usada para designar o ato de assumir a culpa.
"Tirar o Cavalo da Chuva" - No século XIX, quando uma visita iria ser breve, deixavam o cavalo ao relento, em frente à casa do anfitrião. Caso a visita fosse demorar, colocavam o animal nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.
Contudo, o convidado só poderia colocar seu cavalo protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de algo.
"Santo do Pau Oco" - A origem da expressão “Santo do Pau Oco”, usada para designar pessoas dissimuladas, se originou na época do Brasil Colonial. Entre o final do século XVII e o início do século XVIII, Portugal cobrava altos impostos sobre o ouro produzido em terras brasileiras.Contudo, o convidado só poderia colocar seu cavalo protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de algo.
Uma forma que as pessoas encontraram de driblar a fiscalização da Coroa foi escondendo ouro em pó dentro de imagens de santos esculpidas em madeira oca. Acredita-se que foi desta forma que o termo popular tenha surgido.
"Rasgar Seda" - Tal expressão, utilizada quando alguém elogia exaustivamente outra pessoa, surgiu por meio de uma peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na mesma, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a mulher percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa.” Foi assim que surgiu a expressão.
"Pra Inglês Ver" - A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que tais regras não seriam cumpridas, assim, as mesmas teriam sido criadas apenas "para inglês ver". Foi assim que surgiu a expressão.
"Pensando na Morte da Bezerra" - A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, nas quais os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados.
Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que fora sacrificada. Assim, após o animal morrer, ficou se lamentando e pensando na morte do mesmo. Após alguns meses o garoto morreu. Foi desta forma que surgiu tal expressão.
"Pagar o Pato" - Acredita-se que a expressão “pagar o pato” tenha se originado no século XV. A história é a seguinte: um camponês passava com seu pato pelas redondezas, quando certa mulher casada quis o animal e propôs ao homem adquirir o bicho por meio de favores sexuais.
O homem aceitou, porém os dois tiveram uma briga a respeito do tempo de duração da “moeda de troca”. Tudo acabou quando o marido da mulher chegou e, para acabar a discussão, pagou o pato em dinheiro.
Já a reação do marido ao ver sua mulher com outro... Bem, isso já é outra história.
"Onde Judas Perdeu as Botas" - A expressão "onde Judas perdeu as botas" é usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível. Existe uma história não comprovada que relata que após trair Jesus, Judas se enforcou em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhara por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem seus sapatos, saíram em busca dos mesmos e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se tais botas foram achadas.
Acredita-se que foi assim que surgiu tal expressão.
Gesto de "OK" - A expressão inglesa “OK” (okay), mundialmente conhecida quando queremos dizer está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, nos EUA. Durante o conflito, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam em uma placa “0 Killed” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação. Foi assim que surgiu o famoso “OK”.
"Motorista Barbeiro" - No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também tiravam dentes, cortavam calos, entre outras coisas. Por não serem profissionais, seus serviços mal feitos eventualmente geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço ruim passou a ser atribuído ao barbeiro, por meio da expressão “coisa de barbeiro”.
Este termo veio de Portugal, contudo, a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.
"Lágrimas de Crocodilo" - Quando dizemos que uma pessoa está chorando “lágrimas de crocodilo”, estamos querendo dizer que ela está fingindo, chorando de uma forma falsa. Tal expressão, utilizada no mundo inteiro, veio do fato de que o crocodilo, quando está devorando suas presas, faz uma pressão muito forte sobre o céu da boca e estimula suas glândulas lacrimais, dando a impressão de que o animal está chorando. Obviamente, o animal não “chora”. Foi desta forma que surgiu a expressão popular.
"Jurar de Pés Juntos" - A expressão surgiu por meio das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado até dizer a verdade. Até hoje, o termo é empregado para expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.
"Guardado a Sete Chaves" - No século XIII, os reis de Portugal adotavam um interessante sistema de arquivamento de joias e documentos importantes: um baú que possuía quatro fechaduras. Cada uma destas chaves era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto, eram apenas quatro chaves.
O número sete passou a ser utilizado em razão de seu valor místico, desde a época das religiões primitivas. Foi assim que se começou a utilizar o termo “guardar a sete chaves” para designar algo muito bem guardado.
"Fazer Vaquinha" - A expressão “fazer vaquinha” surgiu na década de 20 e tem sua origem relacionada com o jogo do bicho e o futebol. Nas décadas de 20 e 30, já que a maioria dos jogadores de futebol não tinha salário, a torcida do time se reunia e arrecadava entre si um prêmio para ser dado aos jogadores.
Estes prêmios eram relacionados popularmente com o jogo do bicho. Assim, quando iam arrecadar cinco mil réis, chamavam a bolada de “cachorro”, pois o número cinco representava o cachorro no jogo do bicho. Como o prêmio máximo do jogo era vinte e cinco mil réis, e isso representava a vaca, surgiu o termo popular “fazer uma vaquinha”, ou seja, tentar reunir o máximo de dinheiro possível para um fim específico.
"Fazer nas Coxas" - A expressão “fazer nas coxas” surgiu na época da colonização brasileira. As telhas usadas nas construções da época, feitas de barro, eram moldadas nas próprias coxas dos escravos. Assim, algumas vezes ficavam largas, outras vezes finas, nunca com um tamanho uniforme. Foi desta forma que surgiu a expressão, utilizada para indicar algo mal feito.
"Entrar com o Pé Direito" - A tradição de entrar em algum lugar com o pé direito para dar sorte é de origem romana. Nas grandes celebrações em Roma, os donos das festas acreditavam que entrando com tal pé evitariam agouros na ocasião da festividade. A palavra “esquerda” é de origem latina e significa “sinistro”, daí já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. Foi a partir daí que a crença se espalhou por todo o mundo.
"Dor-de-Cotovelo" - A expressão “dor-de-cotovelo”, muito usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar, com os cotovelos em cima do balcão, enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor.
De tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados daquela forma, os mesmo deveriam doer. Esta é a ideia por trás desta expressão.
"De Mãos Abanando" - Na época da intensa imigração no Brasil, os imigrantes tinham que ter suas próprias ferramentas. As "mãos abanando" eram um sinal de que aquele imigrante não estava disposto a trabalhar. A partir daí o termo passou a ser empregado para designar alguém que não traz nada consigo. Uma aplicação comum da expressão é quando alguém vai a uma festa de aniversário sem levar presentes.
"Dar com os Burros N'água" - A expressão surgiu no período do Brasil Colonial, no qual tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos difíceis, regiões alagadas e muitos deles morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algo e não tem sucesso nisto.
"Chorar as Pitangas" - A expressão “chorar as pitangas”, usada no Brasil para designar o ato de chorar e lamentar, se originou a partir de uma adaptação da frase portuguesa "chorar lágrimas de sangue". “Pitanga” é uma palavra de origem indígena e significa vermelho.
Desta forma, os índios fizeram uma analogia e começaram a usar a expressão que conhecemos hoje em dia, isto é, de alguém que chora tanto que seus olhos ficam avermelhados.
"Casa da Mãe Joana" - A expressão se deve a Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença que viveu na Idade Média entre 1326 e 1382. Em 1346, a mesma se refugiou em Avignon, na França.
Aos 21 anos, Joana regulamentou os bordéis da cidade onde vivia refugiada. Uma das normas dizia: "o lugar terá uma porta por onde todos possam entrar." Transposta para Portugal, a expressão "paço da mãe joana" virou sinônimo de prostíbulo. Trazida para o Brasil, o termo paço, por não ser da linguagem popular, foi substituído por casa. Assim, "casa da mãe joana" passou a servir para indicar o lugar ou situação em que cada um faz o que quer, onde impera a desordem e a desorganização
"Bode Expiatório" - A expressão “bode expiatório” é usada para indicar alguém inocente e que acaba levando toda a culpa para si. Suas origens nos levam aos costumes dos hebreus, povos que realizavam sacrifícios com animais como forma de purificação de seus pecados.
Segundo a tradição judaica, os sacerdotes deveriam colocar suas mãos sobre um bode e sacrificá-lo, de forma que o animal carregasse em si todos os pecados do povo. Foi a partir deste rito religioso que a expressão se originou.
"Arroz de Festa" - Usada para designar pessoas que não perdem nenhuma festividade, a expressão “arroz de festa” pode ter surgido a partir da tradição de jogar arroz em casais recém-casados. Entretanto, a hipótese mais aceita capaz de explicar a origem do termo conta que o mesmo surgiu em razão da existência de uma sobremesa muito famosa em Portugal.
Esta, feita a partir do arroz (corresponde ao nosso “arroz doce”), era uma iguaria obrigatória em todas as festas da época. Desta forma, passou-se a fazer uma analogia entre a sobremesa, ou melhor, entre o arroz e aqueles que não perdem uma festa por motivo algum.
O termo surgiu por meio do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e, durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome.
Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes. Depois disso, simplesmente foram para casa e a paz reinou de forma absoluta. Após esse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez a seguinte manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo pegou.
Manga com Leite Faz Mal? - “Manga com leite faz mal, menino!”. Quem nunca ouviu a frase alguma vez na vida? Se você já experimentou misturar estes ingredientes, ótimo, já conhece a verdade. Já para aqueles que ainda acreditam na crença, um relevante recado: tudo é mentira.
Esta crendice popular é muito antiga e está diretamente relacionada à escravidão no Brasil. Como se sabe, um dos ingredientes mais empregados na alimentação dos escravos era o leite. Já as mangas, frutas originárias da Índia, eram consideradas nobres, sendo destinadas somente à elite da época.
Aí que está a explicação de tudo. Proibir os escravos de comerem as mangas era algo quase impossível, haja vista a abundância da fruta. Assim, os senhores de engenho passaram a dizer que a mistura da manga com o leite levaria o indivíduo à morte, só para os escravos não comerem da fruta.
Porque Cortar Cebola nos Faz Chorar? -Com certeza, cortar cebola não é a coisa mais agradável que existe. Em alguns casos, a irritação provocada nos olhos é tão forte que é impossível continuar o que estava sendo feito.
Isso se dá pelo fato de que quando nós cortamos a cebola, rompemos suas células, o que faz com que determinados sulforetos e enzimas sejam combinados, originando o ácido sulfénico. É justamente esta a substância responsável por nosso choro, pois a mesma evapora e entra em contato com nossos olhos, os quais reagem produzindo mais lágrimas, na tentativa de amenizar a irritação.
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