Frutos do Cerrado
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Os índios foram os primeiros a aproveitar a variedade de frutas e nutrientes que o Cerrado produz. Mas o consumo dessas frutas foi de grande importância para a sobrevivência dos desbravadores das matas da região e seus colonizadores. O beneficiamento permitiu um aproveitamento maior das frutas e a elaboração de uma gama de preparações típicas, como bolos, sucos, doces, geleias, licores e sorvetes. Atualmente, as frutas atraem não apenas donas de casa e agricultores, mas comerciantes, cooperativas, indústrias, estabelecimentos de alimentação e, até, universidades, que se dedicam a pesquisá-las.
Casca espinhenta é o significado de pequi na língua indígena do Cerrado. Ele é um fruto verde-amarelado, do tamanho de uma laranja pequena. Quando maduro, amolece e cai das árvores, sem mudar a cor. Ao partir a casca do pequi, que representa cerca de 80% do peso, encontra-se de uma até quatro amêndoas, envolvidas por uma polpa amarela, branca ou rosada. Atenção: cuidado ao chupar a polpa, pois apresenta pequenos espinhos que ficam no meio do caroço. A boa notícia é que ela contém 14% de fibras e 76% de óleo. Conhecidos são os doces à base de pequi, mas a grande fama vem do licor desta fruta. Além disso, algumas preparações são bem interessantes, como pequi combinado com arroz, frango e feijão. Não à toa, é conhecido como a carne do Cerrado. Por fim, o fruto apresenta altos teores de vitamina A, além de proteínas e carboidratos.
Foram também os índios que identificaram e deram nome à mangaba, cujo significado é “coisa boa de comer”. Trata-se de uma fruta de cor amarelo-avermelhado, delicada e viscosa. Sua polpa branca e fibrosa recobre as sementes arredondadas. Deve ser consumida somente após cair das árvores (mesmo que na árvore pareça madura), sob o risco de causar problemas de saúde. O fruto apresenta cheiro apreciável e um sabor exótico. Tem boa aceitação mercadológica para consumo in natura e para uso da indústria na elaboração de doces, sucos, licores e sorvetes, auxiliando no sustento informal de muitas pessoas. Traz, ainda, grandes quantidades de vitaminas A, B1, B2, bem como ferro, fósforo, cálcio, em poucas calorias (43 kcal/100g). Seu teor de vitamina C permite considerada fonte desse nutriente.
Enquanto isso, o gosto parecido ao do amendoim leva as pessoas a atribuírem propriedades afrodisíacas também às amêndoas do baru, como maior número de gravidez de outubro a março, justamente a época da fruta. Antes de consumi-la, é preciso fazer um teste: primeiro, deve-se sacudir a fruta para ouvir o balanço da amêndoa. Em seguida, retire a polpa com auxílio de uma faca e quebre-o com um martelo. A amêndoa pode ser consumida crua ou torrada, podendo, neste último caso, substituir a castanha de caju. Também é indicada para elaboração de paçoquinha, rapadura e pé-de-moleque. Além disso, é rica em cálcio, fósforo e manganês, com cerca de 40% de lipídios e 23% de proteínas, em 560kcal/100g. A polpa possui grandes quantidade de carboidratos, potássio, cobre e ferro.
Já o nome cagaita refere-se ao sintoma provocado pelo consumo excessivo dessa pequena fruta amarelada e arredondada. Exposta ao sol, ela sofre fermentação, que pode estimular excessivamente a função intestinal e causar uma sensação parecida à embriaguez. Por isso, é recomendada moderação ao saboreá-la. É uma fruta de sabor agradavelmente ácido e refrescante devido a seu teor de aproximadamente 90% de suco. Para suprir o desconforto do consumo in natura, ela pode ser preparada como doce, suco, geleia, sorvete e licor.
Há, ainda, o araticum, que significa “fruto mole”, justamente o aspecto que essa fruta de casca escamosa apresenta após amadurecer. No seu interior há uma polpa mole, com cerca de 52 kcal/100g, que envolve várias sementes marrom escuras. É a polpa que define a qualidade: a rosada é mais doce e macia, enquanto a amarelada é mais firme e um pouco ácida. Pode ser consumida in natura ou como doces, batidas, licores, sorvetes, geleias. Ela exala um aroma característico forte ao cair das árvores, podendo denunciar a presença da fruta a certa distância. Estudos têm sido conduzidos para aproveitamento da semente (parte geralmente desprezada) para produção de óleo, já que ela contém 84% de ácidos graxos insaturados, sendo 50% de ácido oleico e 34% de linoleico.
Do topo de altas árvores são retiradas pencas de buriti, um coquinho de cor marrom com escamas duras e que, ao amadurecer, escurecem. Para retirar a polpa é necessário amolecer as escamas imergindo em água ou abafando em sacos plásticos. Ela representa em torno de 30% do peso do fruto seco e contém 23% de óleo. Possui, ainda, grandes quantidades de ácidos graxos insaturados e é rica em pró-vitamina A. A polpa amarelo-ouro pode ser consumida in natura ou usada na preparação de óleo, compotas, sorvetes e, especialmente, na forma de doce, bem conhecido na região.
Por fim, o jatobá é uma fruta de rígida casca marrom, tendo em seu interior uma polpa branca amarelada e farinácea envolvendo poucas sementas. Para obtê-la, é necessário utilizar um martelo ou pedra para quebrar o fruto. Raspando a semente, é obtida uma farinha granulada adocicada e de sabor característico e forte, que, após ser peneirada, pode ser usada na preparação de pães, bolos, biscoitos, geleias e licores.
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