Supremo Tribunal Federal Determina o Fim da Exigência do Diploma de Jornalista
Ação foi proposta em 2001 pelo MPF em São Paulo. Recurso julgado no Supremo foi da PRR-3
O
 Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quarta-feira, 17 de junho, 
por 8 votos a 1, pelo fim da obrigatoriedade das exigências de curso 
superior em comunicação social e de registro no Ministério do Trabalho 
Brasileiro (MT) para o exercício da profissão de jornalista. A decisão 
seguiu o entendimento do Ministério Público Federal (MPF), representado 
na sessão plenária pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando 
Souza.
A ação civil pública
 que pedia o fim da obrigatoriedade do diploma foi proposta em 2001 pelo
 então procurador regional dos direitos do cidadão em São Paulo, André 
de Carvalho Ramos – hoje procurador regional da República na 3ª Região. 
Dentre os pedidos do procurador na ação estavam o fim da fiscalização e 
autos de infração por auditores do trabalho em veículos que empregavam 
profissionais sem o diploma específico de jornalismo e a nulidade das 
multas impostas em função disso, o que feria os direitos de liberdade de
 expressão e de opinião previstos na Constituição de 1988. A previsão da
 exigência do curso universitário de jornalismo foi determinada na 
vigência da ditadura militar, pelo decreto-lei 972 de 1969 e pela Lei de
 Imprensa, de 1967. 
Em
 outubro de 2001 a 16ª Vara Federal de São Paulo concedeu, em tutela 
antecipada, a não obrigatoriedade do diploma em todo o País. Em 2003 foi
 publicada a sentença da 16ª Vara decretando a extinção da 
obrigatoriedade do curso de jornalismo para o exercício da profissão, 
embora mantivesse a exigência do registro no Ministério do Trabalho.
A
 Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o Sindicato dos Jornalistas
 Profissionais no Estado de São Paulo e a União recorreram da decisão ao
 Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que em novembro de 2005
 revogou decisão da primeira instância abolindo o diploma e o registro 
no MT para jornalista. A procuradora regional da República Luiza 
Cristina Fonseca Frischeisen recorreu ao Supremo, em março de 2006, 
contra o acórdão da 4ª Turma do TRF-3. Em maio de 2007, a subprocuradora
 geral da República Sandra Cureau enviou parecer ao STF, reiterando a 
não obrigatoriedade do diploma defendida no recurso. 
SUPREMONo
 julgamento de quarta-feira, o STF atendeu ao recurso extraordinário 
proposto pela PRR-3 e acabou com a exigência do diploma. De acordo com o
 relator do caso, o ministro Gilmar Mendes, o decreto-lei não foi 
recepcionado pela Constituição Federal. Para ele, o exercício de uma 
profissão só pode ser restringido se a atividade exigir qualificações 
profissionais específicas, o que não seria o caso do jornalismo.
Gilmar
 Mendes defendeu também que uma medida estatal que restrinja a atividade
 jornalística representa uma forma de controle prévio da liberdade de 
expressão e de informação, e acrescentou que o decreto-lei 972 
questionado foi editado durante o regime ditatorial, quando a exigência 
de diploma foi estabelecida para afastar intelectuais políticos e 
artistas dos meios de comunicação. 
Para
 o procurador geral da República Antonio Fernando, que fez uma 
manifestação durante o julgamento do recurso extraordinário, o art. 4º, 
inciso V, desse decreto está em descompasso com a Constituição, que no 
inciso XIII do art. 5º, prevê a liberdade do exercício de qualquer 
trabalho, ofício ou profissão desde que atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer como absolutamente indispensáveis. 
Ele
 afirmou que essa norma, em contato com o inciso IX do mesmo art. 5º, 
que prevê a livre expressão da atividade intelectual artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, 
“revela que a dependência do diploma de curso superior de jornalismo 
para o exercício da profissão, age como um obstáculo a essa livre 
expressão que garante a constituição. Da mesma forma, o art. 220 
estabelece a liberdade da manifestação do pensamento, expressão e 
informação sob qualquer forma, processo ou veículo”. 
Seguiram
 o voto de Mendes os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Carlos
 Ayres Britto, Cezar Peluso, Celso de Mello, Eros Grau e Ellen Gracie. O
 único voto divergente no julgamento foi do ministro Marco Aurélio de 
Melo, que defendeu que o jornalista deve ter uma formação básica que 
viabilze a atividade profissional, que repercute na vida dos cidadãos em
 geral.
CRONOLOGIA11 de outubro de 2001 – André de Carvalho Ramos, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, propõe ação civil pública pelo fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.
25 de
 outubro de 2001 – a 16ª Vara Federal Civel concede, em tutela 
antecipada, o pedido do MPF e determina a não obrigatoriedade do diploma
 para o exercício do jornalismo em todo o território nacional.
18 de dezembro de 2002 – sentença decreta o fim da obrigatoriedade do diploma, mas não altera a exigência do registro no MT.
06 de março de 2003 – Em apelação,
 Ramos pede no TRF-3 que também o registro deixe de ser exigido. Fenaj e
 Sindicato alegam cerceamento de defesa e ilegitimidade do MPF na 
propositura da ação.
19 de agosto de 2005 - A procuradora regional da República Luiza Cristina Fonseca Frischeisen emite parecer favorável ao livre exercício do jornalismo para julgamento do TRF-3.
30 de novembro de 2005 – Quarta Turma TRF-3 atende reclamações da Fenaj e volta a valer a exigência do diploma.
07 de março de 2006 – Luiza Cristina entra com recurso extraordinário no STF para reverter decisão do TRF-3.
03 de maio de 2007 – a subprocuradora geral da República Sandra Cureau emite parecer endossando a posição do MPF no recurso enviado ao STF.
17 de junho de 2009 – por 8 votos a 1, pleno do STF extingue a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo no País.
Veja  a Opinião Consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos,
 documento utilizado pelo procurador André de Carvalho Ramos para 
fundamentar a ação que resultou no fim da exigência do diploma para 
jornalistas no Brasil.
www.megatimes.com.br
www.geografiatotal.com.br
www.klimanaturali.org
www.megatimes.com.br
www.geografiatotal.com.br
www.klimanaturali.org
