Ocupação Humana em Rondônia Data de Cerca 7 Mil Anos
Material lítico (esquerda) e cerâmico (direita) estão sendo encontrados durante a escavação o que pode comprovar as diferentes épocas de ocupação humana em Rondônia (Foto: Larissa Matarésio/G1)
A partir do mapeamento da sobreposição das camadas do solo do sítio
arqueológico e dos objetos cerâmicos e líticos encontrados durante a
escavação será possível identificar e datar a ocupação da área. “Através
dos sinais de deposição de materiais no solo é feita a análise para
datação e vestígios do que é composto o material recolhido”, explica a
geóloga Michele Tizuka, que faz parte da pesquisa.
Eduardo Neves, coordenador do estudo, diz que a grande quantidade de
terra preta encontrada na região também pode conter indícios de
populações que deixaram de ser nômades e se fixaram em Rondônia muito
antes de outros povos da Amazônia.
“A terra preta se forma a partir de séculos de acúmulo de materiais
orgânicos provenientes da ação humana, como restos de alimentos e de
utensílios, por isso, onde esse tipo de solo é encontrado temos muito
material arqueológico para estudar”, ressalta Neves.
Segundo Eduardo Neves, as novas descobertas no sítio do Teotônio podem
ajudar a estabelecer alguns parâmetros para entender como ocupar a
Amazônia de forma sustentável. “Estudar este solo é abrir uma janela
arqueológica para entender o modelo de vida antigo e através do
desenvolvimento da agronomia replicar de forma menos agressiva junto ao
modelo de vida atual”, diz.
O estudo pode provar também, segundo Neves, que a mandioca foi
domesticada nesta região do estado e que em Rondônia foram encontrados
os melhores registros contínuos de formação e ocupação de áreas de terra
preta de toda a Amazônia.
A escavação do solo por níveis pode revelar diversos tipos de materiais
de diferentes épocas de ocupação humana. “As duas fases mais aceitas de
ocupação humana são a de caçadores/coletores e dos agricultores. Os
caçadores são formados por populações nômades que construíam e
utilizavam objetos líticos, de pedra; enquanto os agricultores são mais
conhecidos pelas cerâmicas e por serem ocupações mais recentes. Nestas
escavações estamos encontrando os dois tipos de material”, explica
Thiago Trindade, do grupo de estudos do Museu de Arqueologia e Etnologia
.
Neves diz que a delimitação do perímetro do Sítio Arqueológico do
Teotônio ainda não está totalmente definido. “Tudo indica que o sítio é
muito grande e que ainda não conhecemos toda a extensão dessa área de
ocupação. O mais importante é que podemos aproveitar este material para
muitos anos de estudo e transformar o sítio em sítio escola, para que os
alunos da Unir possam trabalhar em campo, atuando e estudando nessa
região”, completa.
O estudo é acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).