O Que é Afetividade?
Em psicologia, entende-se por afetividade o conjunto de fenômenos psíquicos que compreendem sobretudo o prazer, a dor e as emoções -- fenômenos ditos afetivos. É também a capacidade de experimentar estados afetivos e de produzir reações de caráter afetivo, confundindo-se, nesse sentido, com o conceito de sensibilidade. A afetividade é a base do psiquismo e o elemento mais fundamental na estruturação da conduta e das reações de cada indivíduo. Num sentido mais amplo, engloba as tendências afetivas (inclinações, paixões) e os estados passivos (prazer, dor, emoções).
Seria errôneo identificar os sentimentos e as paixões, duas formas de afetividade, com o lado "irracional" da psicologia humana. Toda a conduta do homem, até mesmo seus aspectos mais racionais e intelectuais, está marcada por esses elementos.
Amplitude. A afetividade domina desde a esfera instintiva __ à qual estão vinculadas as emoções primárias, as inclinações e as paixões __ até a sensibilidade corporal, da qual se originam as sensações de prazer e de dor, com seus correspondentes estados afetivos sensoriais (agradáveis ou desagradáveis). Nesse âmbito situam-se tanto as dimensões corporais da afetividade __ como o tom afetivo, o humor, o temperamento __ quanto os conteúdos afetivos do eu consciente, isto é, as emoções e os sentimentos, incluindo-se ainda os afetos mais nobres e mais diferenciados da alma humana, como o sentimento estético, moral, religioso etc.
A afetividade abrange assim um vasto domínio da atividade pessoal, indo até às raízes da instintividade biológica e estendendo-se ao próprio soma (o organismo considerado como matéria, em oposição as funções psíquicas), de onde partem estímulos aferentes que levam a certas disposições de humor e em que se projetam as emoções e sentimentos. Exerce ela, portanto, um papel fundamental nas correlações psicossomáticas básicas, além de influenciar decisivamente a percepção, a memória, o pensamento, a vontade e as ações, e ser assim um componente essencial da harmonia e do equilíbrio da personalidade.
Afetividade e percepção. O ser humano, tal como os animais, é dotado de órgãos do sentido, que transmitem sensações ao receberem estímulos. Tais sensações tanto podem levar a que o sujeito se aperceba dos objetos que se situam fora dele (percepção), quanto fazer com que estabeleça uma relação consigo próprio que dá uma certa significação ao sentido de sua experiência (afetividade). Muitas vezes, um estímulo ao mesmo tempo que é percebido desperta afetividade, como no caso da música, por exemplo, que, percebida enquanto estímulo auditivo, provoca também emoção no ouvinte. De certa forma, a afetividade é um sistema perceptivo, que reage de maneira própria a certos sinais ou situações e é insensível a outros, sendo sempre capaz de deformar, mais ou menos, as significações intelectuais de qualquer informação.
Existe acentuada confusão terminológica em relação à afetividade e ao grande número de vocábulos associados ao seu conceito. Os estados afetivos fundamentais são as emoções, os sentimentos, as inclinações e as paixões. As emoções são complexos psicofisiológicos que se caracterizam por súbitas e insólitas rupturas do equilíbrio afetivo, com repercussões concomitantes ou consecutivas, leves ou intensas, mas sempre de curta duração, sobre a integridade da consciência e a atividade funcional dos órgãos; os sentimentos são estados afetivos duráveis, atenuados em sua intensidade vivencial, às vezes revestidos de tonalidades intelectuais e morais e quase sempre desacompanhados de concomitantes somáticos; as inclinações são movimentos afetivos involuntários, duráveis, contínuos, persistentes, em direção a determinado objeto, e que emergem de disposições extraconscientes; paixões são estados afetivos absorventes e tiranizantes, que polarizam a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus pensamentos e ações, com exclusão ou em detrimento de tudo o mais.
A afetividade acompanha o ser humano desde seu nascimento até sua morte. De maneira geral, pode-se dizer que até à segunda infância, a vida da criança é inteiramente afetiva, e que no fim deste período, as principais formas de afetividade do futuro adulto já estão estabelecidas. Dessa forma, não parece existir, como queria Piaget, um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o desenvolvimento intelectual, com este último determinando as formas de cada etapa da afetividade. Ao contrário, parece ser a afetividade que obsta ou favorece o conhecimento intelectual, pois o desenvolvimento normal da inteligência só ocorre se há uma relação afetiva anterior normal. É a afetividade que constitui o alicerce sobre o qual se constrói o conhecimento racional. É possível observar na prática como as crianças portadoras de bloqueios afetivos apresentam também inibições intelectuais, e como as que possuem uma boa relação afetiva -- segurança, sentido de realidade, interesse pelo mundo exterior -- têm seu desenvolvimento intelectual facilitado.
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