História das Artes Marciais Chinesas

História das Artes Marciais Chinesas

Bruce Lee
Alega-se que a maioria das artes marciais chinesas e algumas artes marciais japonesas são originárias dos ensinamentos de Bodhidharma no Templo Shaolin (um mosteiro budista) durante sua visita à China no século VI A.C. Estudiosos consideram essa alegação com considerável ceticismo, já que notas históricas e a arqueologia moderna relatam origens mais antigas de algumas técnicas e escolas chinesas. Sabe se hoje, que o histórico de guerras na china conta seu inicio há aproximadamente cinco mil anos. De qualquer forma, o Templo Shaolin, localizado na província de Henan, próximo à cidade de Dengfeng, conta com séculos de tradição fomentando as artes marciais, já que o templo proporcionou abrigo para artistas marciais das mais variadas técnicas, provenientes de toda a China. No mundo todo, as artes marciais são muito praticadas e embora ainda tenham o seu caráter marcial, hoje em dia o seu desenvolvimento tem se voltado ao esporte de competição o que tem ajudado no crescimento da prática e maior aceitação por parte das autoridades.

Estilos de Artes Marciais Chinesas
Centenas de diferentes estilos de artes marciais chinesas foram desenvolvidas nos últimos 2.000 anos. Diversos estilos distintos traziam seus próprios conjuntos de técnicas e idéias. Há também diversos temas comuns entre estilos, o que levou muitos a caracterizá-los como pertencentes a "famílias" (, jiā) de artes marciais. Há estilos que imitam movimentos de animais. Há estilos que reúnem inspiração de diversas filosofias chinesas. Alguns estilos se concentram totalmente na crença de controlar a energia Qi, Chi ou Ki, enquanto outros focam totalmente competições e exibições. Muitos estilos, também, fazem uso de um vasto arsenal de armas chinesas. Para uma lista de estilos, veja Lista de artes marciais chinesas.

As artes marciais chinesas podem ser divididas em duas grandes categorias: externas e internas. A diferença está em que tipo de treinamento seu foco principal compreende, mesmo que a maioria dos estilos deveria conter ambos elementos internos e externos, na prática isto não se revela, cada um tende a se concentrar em um dos pólos, devido a dificuldade de entender o que seja interno.

Os estilos externos podem ainda ser divididos entre do norte e do sul, se referindo a que parte da China que os estilos vieram (utilizando Rio Yangtze, ou Chang Jiang, como referência).

Estilos externos ( wài jiā)
Estes estilos são o que a maioria das pessoas associa com as artes marciais chinesas. Os estilos são geralmente rápidos e explosivos, com foco na força física e agilidade.

Estilos externos podem ser tanto os estilos tradicionas, que focam na aplicação e na luta, como também os estilos modernos, adaptados para competições e exercícios. Exemplos de estilos externos são Wing Chun, que enfatiza socos e bloqueios curtos, Shaolin Quan, com seus ataques explosivos e chutes altos que se parecem com o Tae Kwon Do coreano, e também muitos estilos inspirados por movimentos de animais.

Estilos externos são iniciados com um treinamento de força muscular, velocidade e aplicação, e geralmente integram conhecimentos de qigong nos treinamentos avançados, depois que o nível físico desejado já tenha sido alcançado.

Estilos internos ( nèi jiā)
Estilos internos focalizam primariamente na prática do que consideram como elementos internos, como consciência do espírito, da mente e do Nei Gong (potencial interno). Alguns praticantes de estilo interno dizem que a diferença entre interno e externo é principalmente a distinção do interior e exterior do corpo. A razão para o nome "interno", de acordo com as escolas, é que há um foco nos aspectos internos, desenvolvimento do Chi ou energia vital, já no início do treinamento. Uma vez apreendidas as relações internas, elas são aplicadas externamente pelo estilo em questão.

Devido ao longo período que os iniciantes são postos a trabalhar nos princípios básicos das escolas internas e, talvez, devido à predominância recentemente de diversas escolas "New Age" ocidentais (que são criticadas pelos "conservadores" por enfatizar a filosofia, deixando de lado o treinamento intenso), várias pessoas passaram a pensar que tais estilos não oferecem o treinamento físico necessário.

Nas escolas conservadoras, entretanto, muito tempo é reservado ao trabalho físico básico, como por exemplo a "postura da árvore" (Zhan Zhuang), fortalecimento do corpo, além posibilidade do uso de armas em nível avançado, que podem conter exigências de coordenação extremamente sofisticadas. Além disso, vários estilos internos utilizam treinamentos em duplas, como por exemplo, o Tui Shou.

Os movimentos da maioria dos estilos internos são executadas lentamente, embora alguns também incluam movimentos repentinamente explosivos, como aqueles do I-Chuan, Hsing-I Chuan, Tai Chi Chuan estilo Chen e Pa-Kua. É bem verdade que em toda história bem poucas pessoas dominaram verdadeiramente esta classe de estilos, na atualidade é muito raro encontrar um mestre de profundo conhecimento no Neijia, quanto mais variedades de técnicas e estilos se treina pior a qualidade de quem busca aperfeiçomento nos estilos internos, mas sua base pode se relacionar tranquilamente com os estilos de sua família, desde que ensinados corretamente.

O Neijia é uma forma de Arte Marcial ampla que integra muitos sistemas e que tem um caráter simbólico. Cada técnica, movimento e treinamento representa algo mais profundo da natureza do homem e do universo. Filosoficamente mantém seus valores atemporais (justiça, ética sabedoria,...) unidos ao aspecto marcial, deixando de ser apenas um conjunto de técnicas de combate. Quem trilha um caminho de valor, naturalmente se harmoniza com a vida e com o meio.

Bodhidharma
Não existem registros escritos precisos sobre a origem das artes marciais, no entanto, acredita-se que elas tenham suas raízes mais remotas na Índia, há mais de dois mil anos atrás. Há indícios de que nessa época tenha surgido a primeira forma de luta organizada, chamada de Vajramushti, que seria um sistema de luta de guerreiros indianos.

A história das artes marciais começa a tomar uma forma mais concreta a partir do século VI, quando no ano 520 A.D. um monge budista indiano chamado Bodhidharma - 28º patriarca do Budismo e fundador do Budismo Zen - deixou seu país e partiu numa longa jornada em busca da iluminação espiritual. Bodhidharma (conhecido no Japão como Daruma) viajou da Índia para a China, pernoitando nos templos que encontrava pelo caminho e pregando sua doutrina aos monges ou a quem quer que fosse.

Depois de ter perambulado por boa parte do território chinês, o destino o conduziu ao Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Diz a lenda que, ao penetrar no velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária condição de saúde dos monges, fruto de sua inatividade. Foi então que ele iniciou os monges na prática de uma série de exercícios físicos, ao mesmo tempo em que transmitia-lhes os fundamentos da filosofia Zen, com o objetivo de reabilitá-los tanto física quanto espiritualmente.

Os exercícios ensinados por Bodhidharma eram baseados em métodos de respiração profunda e yoga, e seus movimentos se assemelhavam a técnicas de combate. A prática desses exercícios logo tornou-se uma tradição no templo, vindo mais tarde a atingir um estado de evolução tal que pôde ser considerada como um verdadeiro e completo sistema de autodefesa: o Shaolin Kung Fu, que no Japão é conhecido como Shorinji Kenpo.

Esta arte marcial em ascensão logo mostrava sua eficiência, primeiro com relação à reestabelecida saúde dos monges, e segundo como método de defesa pessoal propriamente dito, posto em prática contra bandoleiros que por vez ou outra saqueavam o templo, de quem os monges em outros tempos eram considerados presas fáceis.

A reputação dos monges lutadores logo se espalhou pela China, fazendo com que o Shaolin Kung Fu se difundisse amplamente pelo país, principalmente durante a Dinastia Ming (1368-1644), vindo mais tarde a conquistar outros países da Ásia e a dar origem a outros estilos de artes marciais, como o Karate em Okinawa.

Vajramushti e Kalaripayatu
O Kalaripayatu e o Vajramushti são artes marciais muito antigas originárias da Índia, da região de Kerala. O monge Bodhidharma usou provavelmente o Kalaripayat e o Vajramushti para criar as bases do Shao-Lin-Kenpô.

KHALORIKA, em sânscrito, significa "o local onde se pratica as técnicas marciais dos Kshátriyas. Foi daí que se acredita que a palavra Kaláripayatu tenha surgido. KALARI significa "escola" e PAYATU significa "arte marcial". VAJRA significa "bastão, cetro", e MUSHTI significa "soco, pancada, batida". Entretanto, o Vajramushti é mais conhecido como KALARIPAYATT ou KALARIPAYATU. Esta é uma das artes marciais mais antigas no mundo. Seu propósito está em ajudar a manter uma harmonia exterior e interior no homem e com a sociedade.

O KALARIPAYAT era uma arte praticada pelos Kshátriyas, a classe guerreira da Índia. Siddhartha Gautama - o Buddha - foi praticante assíduo do Kalaripayat. O KALARIPAYAT é uma prática vinculada aos Rishis. O Vidya Yoga mantém a prática desta arte marcial em sua codificação. Quem pratica Vidya Yoga tem a oportunidade de conhecer a prática do KALARIPAYAT e do VAJRAMUSHTI.

O KALARIPAYAT é a Arte Antiga do "Marma", isto é, dos 108 pontos vitais no corpo humano (sthula sharira ou físico denso). KALARIPAYT, CHILAMBAM, KABÁDI e VAJRAMUSHTI são artes marciais praticadas em Tamil Nadú e Kerála por muitos Séculos. Elas são mais divulgadas como artes de condicionamento espiritual e mental, físico e emocional do Ser Humano, do que uma mera arte de luta - como tantas que já existem.

O Kalaripayátu pode ou não ser praticado com armas, tais como: bastões longos ou curtos, lanças, espada, etc.

Surgimento
Acredita-se que os Rishis guerreiros ensinaram seus segredos para os principais Brahmins. Esses, por sua vez, treinaram outros e escolheram 21 peritos em combate corpo a corpo, com os quais os guerreiros, Yodhas, foram treinados. Esses 21 guerreiros estabeleceram 21 Kalaris para proteger a terra e manter a paz.

Graças ao monge Bodhidharma, um monge do Budista do Sul da Índia (um príncipe de Tamil Nadu), Kalaripayátu e o Vajramushti foram introduzidos na China e no Japão, e depois em outras terras e países. Na China, o Kalaripayátu e o Vajramushti tomaram o nome de Kung Fu. No Japão, estas artes foram desenvolvidas dentro do sistema samurai, onde criou-se e desenvolveu-se o Karate-dô e o Kempô.

A idade dourada de Kalaripayatu foi do XIII século ao século XVIII, quando as técnicas foram mais divulgadas e praticadas publicamente. Já no século XIX, os colonialistas Britânicos declararam o Kalaripayatu e o Vajramushti como técnicas ilegais a sua prática e ensino foi gradualmente extinta. Poucos mestres ensinavam estas artes, e quando isto ocorria, tal ensinamento era feito reservadamente.

A Cultura Física, Mental e Espiritual
O alvo do Kalaripayatu está não unicamente na arte de defesa pessoal, mas também no vigor da mente através de exercícios físicos e Yoga. O vigor da mente é o vigor de corpo.

Kalaripayatu é uma mistura única de práticas espirituais, mentais e físicas. O treinamento segue rituais estritos. No Gurukúla, 'residência dos mestres', há um treinamento físico rígido, assim como treinamento ético e espiritual aos praticantes. O Kalariguru, Mestre de Defesa Pessoal, guia seus estudantes num caminho que os permitirá estarem prontos para qualquer situação na vida.

Kalari
A medicina Ayurvedica tradicional faz par com o Kalaripayatu. Seu nome é designado como "Kalarichikitsa" e baseia-se em identificar pontos vitais, 'marmas', que são tratados com massagens e óleos essenciais do Ayurveda e ervas medicinais ditadas pelos Gurus.

Bháshya (Ensinamento):
"A prática mais profunda do Vajramushti só é transmitida para os membros com o grau de instrutor-missionário da Ordem Vidya Ashram. O motivo principal desta decisão é para preservar a tradição milenar e evitar a deturpação dos princípios filosóficos. Atualmente as artes marciais perderam o seu verdadeiro sentido espiritual e de auto-conhecimento, e passaram a ser meros esportes ou espetáculos de pancadaria."

Lao Zi
Lao Zi ( Lǎozi, também escrito e pronunciado Laozi, Lao Tzu, Lao Tsé, Lao Tzi, Lao Tseu ou Lao Tze na forma de Wade-Giles), foi um famoso filósofo chinês que viveu aproximadamente no Século VII a.C., durante as Cem Escolas de Pensamento e o Período dos Reinos Combatentes.
A ele é atribuída a autoria de uma das obras fundamentais do Taoísmo: o Tao Te Ching

Alguns consideram Lao Zi um personagem mítico, no limite das lendas. Seu nome quer dizer "O velho", ou "velho Mestre". Uma lenda conta que ele nasceu com a aparência de um velho, por isto teria recebido este nome. Muitos consideram que esta lenda pode ser interpretada como uma metáfora sobre a antigúidade do taoísmo, fundamentado em conceitos filosóficos tradicionais anterioriores à própria redação do Tao Te Ching.

Segundo a tradição Chinesa, Lao Zi nasceu por volta de 605 a.C., na atual província de Henan. Trabalhou muitos anos como bibliotecário real, exercendo o cargo de superintendente judicial dos arquivos imperiais em Loyang, capital do estado de Ch'u.

Desgostoso com as intrigas e disputas da vida na corte ele decidiu abandonar esta vida, seguindo para as Terras do Oeste, em direção à India.

Ao deixar a China, o guarda da fronteira lhe pede que deixe um registro de sua sabedoria: o Tao Te Ching

Ao chegar a fronteira, o guardião de fronteiras Yin-hsi reconheceu sua sabedoria e pediu a ele que antes de sair da China deixasse um registro de seus ensinamentos por escrito (Bertold Brecht escreveu um belo conto sobre o importante papel deste guarda).

Assim, antes de partir Lao Zi escreveu os 81 pequenos poemas que receberam o título de Tao Te Ching. Teria morrido em 517 a.C.

Entre os anos 650 a.C. e 684 a.C, Lao Zi foi canonizado pelo imperador Han.

Sua influência
Na religião taoísta Lao Zi recebe a consideração de uma divindade

O seu contacto com os livros e a sua sabedoria pessoal induziram-no a criar uma doutrina de carácter panteísta segundo a qual o Tao, ou caminho, é o princípio material e espiritual, criador e ordenador do mundo. No terreno prático preconizou a vida contemplativa e a supressão de qualquer desejo.

Depois de Confúcio, ninguém exerceu tão grande influência no pensamento e na história da China como Lao-Tsé, tradicionalmente considerado fundador do movimento filosófico designado por taoísmo.

Período dos Reinos Combatentes
O Período dos Reinos Combatentes (chinês tradicional:, chinês simplificado:, pinyin: Zhànguó Shídài) ocorreu de meados do século V a.C. até a unificação da China por Qin Shi Huang em 221 a.C.. O período é normalmente considerado como uma segunda parte da Dinastia Zhou Oriental, seguida pelo Período das Primaveras e Outonos. Como o Período das Primaveras e Outonos, o rei de Zhou agia apenas com um papel simbólico. O nome Período dos Reinos Combatentes foi dado baseado na obra Registro dos Reinos Combatentes, compilada no início da Dinastia Han. A data considerada como início do período ainda é discutida. Enquanto frequentemente cita-se 475 a.C., seguido pelo Período das Primaveras e Outonos, 403 a.C., a data da tripartição do reino de Jin, é muitas vezes considerada como o início do período.

Arte da China

Montanha de Wu xia hou yan
A China tem a mais longa tradição cultural do mundo, com uma história contínua de mais de 3.000 anos. A cultura chinesa conheceu uma notável longevidade e expansão geográfica que remonta pelo menos ao terceiro milênio antes de Cristo, altura em que este povo se concentrava na região do Rio Amarelo. A periodização da civilização chinesa foi estabelecida através das diferentes dinastias que governaram a nação, desde as precursoras Shang (1650 a.C.-1027 a.C.), cujas produções culturais se enquadram no período do bronze e Zhou (1027 a.C.-256 a.C.). Foi durante a época Tang (618-907 d. C.) que o país atingiu a maior dimensão territorial de toda a sua história. Seguiram-se a Época Sung (960-1279), a dinastia Ming (1368-1644) e o período Qing ou Manchu, que correspondeu à última dinastia imperial (1644-1911).

Caracterizada pela serenidade e permanência das formas expressivas e pela rigidez de valores estéticos, a cultura chinesa procurou sempre, através das suas realizações artísticas a harmonia com o universo. Com a abertura da cultura chinesa ao exterior, verificada durante a dinastia Ching tornou-se evidente, em paralelo com a exportação de artefatos artísticos para todo o mundo ocidental, a apropriação pela China de outras linguagens estéticas.

A arte chinesa é significativa não apenas pela beleza, mas também porque foi a maior fonte de inspiração para todo o Oriente - Japão, Coréia, Tibete, Mongólia, Indochina e Ásia Central. A Europa também deve à China muitos dos seus impulsos artísticos, bem como a introdução de variadas técnicas, principalmente na cerâmica e na tecelagem.

A postura em relação às artes apresentava muitas diferenças entre a China e o Ocidente. O amador erudito, por exemplo, tinha geralmente um status mais elevado do que o profissional, e não havia distinção entre belas-artes e artes aplicadas. Na verdade, a caligrafia na China há muito tempo já era considerada a mais nobre das artes.

A pintura era uma forma desenvolvida da caligrafia, e ainda hoje as duas apresentam relações bem próximas. O pintor, em vez de pintar seus quadros em telas ou madeira com tintas a óleo, geralmente trabalhava em seda ou papel com aquarela. Além disso, a vitalidade e o ritmo das pinceladas era mais importante que o naturalismo da representação.

O escultor utilizava pedra, madeira ou bronze, mas algumas vezes modelava ou revestia suas obras com laca, uma forma de arte originária da China. A porcelana também foi fabricada pela primeira vez na China, mais de mil anos antes que o segredo de sua manufatura fosse conhecido na Europa, no início do século XVIII. O jade é outro tipo de material associado à China, tendo sido utilizado na confecção de objetos rituais, armas cerimoniais, jóias e pequenas esculturas.

As casas dispõem na maioria das vezes de um só andar, espalhando-se por grandes terrenos, com jardins e pátios entre as várias alas, embora palácios, templos e pagodes sejam mais altos. Os telhados também são construídos sobre portões, pontes, muralhas e monumentos. Vários telhados aparecem muitas vezes uns sobre outros, com os beirais formando graciosas curvas para cima, uma das características mais típicas da arquitetura chinesa.

Depois de um período pré-histórico bastante obscuro, a evolução da arte chinesa pode ser dividida em cinco longos períodos, para os quais, no entanto, não existem limites bem claros. Registros definitivos datam da segunda parte da dinastia Shang (1711 a.C.-1066 a.C.), cujos trabalhos mais importantes são os vasos de bronze para sacrifícios, de formas rígidas e decorados principalmente com motivos animais, de significado religioso.

O segundo período tem início com a unificação da China em 221 a.C., durante a dinastia Qin, com o imperador Shi Huangdi, o construtor da Grande Muralha. Objetos de bronze e jade constituem os mais importantes exemplos da arte deste período; além disso, também foram encontrados vasos de cerâmica vitrificada e figuras em sepulturas.

Um dos acontecimentos mais importantes da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) foi a introdução do budismo, proveniente da Índia e da Ásia Central, uma vez que os templos e mosteiros budistas se tornaram os grandes patrocinadores e guardiões das artes. Os exemplos mais bem preservados são aqueles que, seguindo o modelo indiano, foram escavados nas faces das rochas, decorados com esculturas e afrescos. Estes templos pertencem ao terceiro período da arte chinesa, cujo clímax foi atingido pelas dinastias Sui (581-618) e Tang (618-907). A China foi unificada após um período de invasões e guerra civil, quando todas as artes floresceram.

O século X marca o início do quarto período, que culminou na dinastia Song (960-1279), época em que a arte chinesa atingiu seu apogeu. O grande feito destes séculos foi a transformação da simples pintura de paisagens numa arte maior, muito antes de a Europa ter vislumbrado tal possibilidade. Teve a mesma importância neste período a cerâmica, inigualável tanto pela nobreza da forma quanto pela beleza da decoração.

O último grande período da arte chinesa vai do reinado dos imperadores Ming (1368-1644) até a última dinastia dos Manchu ou Qing (1644-1911). A pintura e a cerâmica mantiveram o alto nível e novas técnicas de fabricação de porcelana foram desenvolvidas, especialmente a pintura azul vitrificada e a utilização de cores esmaltadas sobre a vitrificação.

Notável habilidade também foi demonstrada nos trabalhos de escultura em marfim e jade, e no esmalte cloisonné (técnica francesa). No século II, uma combinação de influências ocidentais e de outras oriundas da revolução minaram a tradicional arte chinesa.

A revolução comunista de 1949 e a criação da República Popular da China sob a liderança de Mao Tsé-Tung introduziram uma incontornável dimensão política em todas as formas de expressão artística. Os movimentos vanguardistas foram banidos e tachados como "formalismo burguês". Por outro lado, a revolução também propiciou o renascimento de formas artísticas ancestrais e ensinou o povo a valorizar suas tradições no campo das artes, o que resultou em valiosa restauração e descoberta de tesouros artísticos do passado, como o folclore, que foi assumido como valioso produto de exportação e importante fonte de rendimentos.

A maturidade da arte marcial chinesa antiga (da Dinastia Song à Dinastia Qing)
Este período ofereceu todas as condições para a arte parcial chinesa ser madura. Desde a Dinastia Song (960 - 1279), a arte marcial chinesa começou a mudar na sua característica.

Primeiro, começando na Dinastia Song, a arma de fogo foi utilizada em grande quantidade no campo de batalha. As armas de fogo se desenvolveram muito: desde as primeiras semelhantes à bomba, até a espingarda de fogo desenvolvida em 1132 que era semelhante ao lança-chamas, até as primeiras armas de cano de metal fabricadas na Dinastia Yuan (1271 - 1368). Na Dinastia Ming (1368 - 1644), havia cerca de 100 tipos de armas de fogo. A arma de fogo teve um papel cada vez mais importante e substituiu as armas tradicionais.

Muitas armas foram eliminadas do exército, mas elas continuaram a existir entre o povo e se desenvolveram em diversas direções segundo diversas necessidades de saúde, de diversão ou de apresentação artística. Mas ao mesmo tempo, porque as armas tradicionais não foram substituídas totalmente no campo de batalha, o desenvolvimento da arte marcial entre o povo era baseado na consideração da necessidade militar e não se separou totalmente da necessidade da guerra. Esta situação em que a arte marcial e o negócio militar se separaram mas alinda ficavam ligados de uma certa forma era a condição de maior importância, da qual a arte marcial chinesa se formou e se desenvolveu. Neste meio, a arte marcial se nutriu da dança, da acrobacia e de Qi Gong. Isso alargou o campo de vista para o desenvolvimento das artes marciais e deu luz para uma grande variedade de artes marciais para diversão.

Ao mesmo tempo, desde a Dinastia Song do Norte (960 - 1127), o meio da sociedade mudou muito: na economia houve uma prosperidade sem precedentes, as cidades cresceram rapidamente. A vida dinâmica da cidade exigiu diversões e atividades para a saúde, e a arte marcial de diversão ofereceu isso. Daí, a arte marcial de diversão estabeleceu seu próprio campo na sociedade.

Na mesma época, os métodos tradicionais para fortificar o corpo começaram a amadurecer junto, por exemplo, Qi Gong é um deles. Esses métodos combinavam a filosofia tradicional e as teorias da medicina chinesa, e desenvolviam exercícios em diversas direções: Wai Gong - o exercício exterior para praticar os membros e o tronco, Nei Gong - o exercício interior que enfatiza o uso de Qi e a pratica do poder mental. A arte marcial encontrou sua terra.

A maturidade da arte marcial atraiu mais e mais praticantes. Desde a Dinastia Song (960 - 1279), apareceram associações de arte marcial entre o povo. No campo, este tipo de associações normalmente servia para a segurança; e na cidade, para se divertir. A arte marcial se espalhou amplamente.

Antes da Dinastia Ming (1368 - 1644), a arte marcial chinesa não tinha formado nenhuma escola. Diversas escolas começaram a surgir na Dinastia Ming. Isso era o símbolo que a arte marcial já tinha um bom nível de desenvolvimento. O nascimento de diversas escolas teve vários motivos, os mais importantes eram as diferenças de geografia, da condição física das pessoas, da condição da natureza, e o nascimento de diversas teorias das artes marciais.

Por causa da maturidade da arte marcial e de sua propagação ampla, muitos livros específicos sobre a arte marcial apareceram nas Dinastias Song (960 - 1279), Ming (1368 - 1644) e Qing (1644 - 1911). Muitos mestres de artes marciais fizeram uma séria de sumários de suas experiências.

O outro símbolo significativo da maturidade da arte marcial foi o surgimento de Nei Gong - o exercício interior. Nas Dinastias Ming e Qing, a ciência de Qi Gong teve sua época mais próspera, uma grande quantidade de obras sobre Qi Gong surgiram. Alguns exercícios, como o Tai Chi, marcaram a integração perfeita da técnica de combate e o exercício interior.

Daí, combinar os exercícios interiores e exteriores se tornaram uma característica principal da arte marcial chinesa. Os mestres de artes marciais são ao mesmo tempo mestres de Qi Gong.

A moral nas artes marciais chinesas
Há um ditado popular no ciclo das artes marciais da China: "antes de aprender a técnica, aprende-se a etiqueta; antes de praticar as artes marciais, pratica-se a moral". Durante a longa história, além de teorias e técnicas, as artes marciais chinesas formaram também um sistema de moral bem ligado com elas, que é chamado de "a moral das artes marciais". Todas as escolas consideram a educação de moral a primeira missão dos praticantes de artes marciais.

Na moral das artes marciais tradicionais, há conteúdos originados do ambiente da sociedade feudal e limitados por ela, por exemplo: as artes marciais eram ensinadas somente para os filhos, não para as filhas; o relacionamento entre escolas diferentes etc; mas a parte principal da moral das artes marciais é uma boa referencia até hoje, por exemplo:

O alvo das artes marciais é para se defender do oponente em vez de machucá-lo
As ações das artes marciais eram desenvolvidas visando os pontos fracos do corpo baseando-se em análises profundas das características fisiológicas do corpo humano. Por isso, é possível machucar ou até matar o oponente na luta. Os verdadeiros mestres das artes marciais são sempre muito cuidadosos na luta: eles não lutam se não for absolutamente necessário, e não usam técnicas perigosas ao ser humano se tiverem outra opção. O alvo das artes marciais não é para machucar o oponente, mas é para se defender das ações agressivas do oponente. É bem como a construção do caractere "marcialidade" na língua chinesa, que consiste em duas partes: "parar" e "o conflito" ou "a arma", que significa "usar a arte marcial para suprimir a violência".

Por exemplo, nas artes marciais de Shao Lin, existem definições de "oito lugares para bater e oito lugares onde não se pode bater".

Ser valente na luta para manter a justiça
As artes marciais põem ênfase em se defender, inclusive defender a própria vida, e ajudar outras pessoas a defender a justiça. Isto é um caráter notável dos mestres de artes marciais.

Para os mestres, há "três medos e três sem-medos". Os "três medos" indicam que um praticante de artes marciais não pode lutar contra três tipos de oponentes fracos: idosos, mulheres e crianças; e os "três sem-medos" indicam que os mestres não podem hesitar na luta contra três tipos de oponentes que se aproveitam do poder para infernizar outras pessoas: os que têm poder, os que têm força, e os que conhecem bem as artes marciais.

Respeitar o oponente, ser franco e honesto
Com a influência da cultura e da tradição, as artes marciais chinesas criaram etiquetas sofisticadas. Numa luta, não importa que seja uma luta entre amigos ou um luta verdadeira contra inimigos, os lutadores sempre fazem saudações antes de começar a lutar, para mostrar o respeito de um pelo outro. As saudações feitas antes da luta variam segundo o status social dos lutadores e a situação.

A luta deve ser honesta e justa. Ataques de surpresa e com armas escondidas são sempre menos prezados pelos mestres de artes marciais em toda a história.

Autocontrole e aperfeiçoamento
Uma pessoa que conhece bem artes marciais, mas mantém bons modos e modéstia, respeita o oponente e não faz figuras, deve ter bom autocontrole.

Todas as escolas têm suas disciplinas que cobrem muitos aspectos da vida dos praticantes, por exemplo, não se pode beber excessivamente, não exagerar em sexo, não se pode ser briguento, não se pode correr atrás da fama, nem ser arrogante e impulsivo, não se pode mentir, nem praticar fraude, deve-se respeitar os professores e os idosos, não se pode usar as artes marciais para infernizar a vida de outras pessoas etc. Por causa deste tipo de disciplina, fala-se que as artes marciais são um modo de viver e um auto-aperfeiçoamento.

www.megatimes.com.br
www.geografiatotal.com.br
www.klimanaturali.org
Postagem Anterior Próxima Postagem