O Futuro do Petróleo
A recente confirmação da descoberta, anunciada inicialmente em 2006, de reservas expressivas de petróleo leve de boa qualidade e gás na Bacia de Santos é uma notícia auspiciosa para todos os brasileiros. A possibilidade técnica de extrair petróleo a mais de 6 mil metros de profundidade eleva o prestígio que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito, no restrito clube das megaempresas mundiais de petróleo e energia, onde é vista como a pequena, mas muito respeitada, irmã. [...]
O Brasil tem uma grande oportunidade à frente, por dois
motivos. Mais do que com dificuldades de exploração e de
extração, o mundo sofre com a falta de capacidade de refino
moderno, para produzir derivados com baixos teores de enxofre
e aromáticos. Ao mesmo tempo, confirma-se em nosso
hemisfério a cruel realidade de que as reservas de gás de Bahia
Blanca, ao sul de Buenos Aires, se estão esgotando. Isso sem
contar o natural aumento da demanda argentina por gás. Estas
reservas têm sido, até agora, a grande fonte de suprimento de
resinas termoplásticas para toda a região, sendo cerca de um
terço delas destinado ao Brasil. A delimitação do Campo de
Tupi e outros adjacentes na Bacia de Santos vem em ótima
hora, quando estes dois fantasmas nos assombram, abrindo, ao
mesmo tempo, novas oportunidades. O gás associado de Tupi,
na proporção de 15% das reservas totais, é úmido e rico em
etano, excelente matéria-prima para a petroquímica. Queimá-lo
em usinas térmicas para gerar eletricidade ou para uso veicular
seria um enorme desperdício.
Outra oportunidade reside em investimentos maciços em
capacidade de refino. O mundo está sedento por gasolina e
diesel especiais, mais limpos, menos poluentes. O maior foco
desta demanda são os Estados Unidos, que consomem 46% de
toda a gasolina do planeta, mas esta é uma tendência que se
vem espalhando como fogo em palha. O Brasil ainda tem a
felicidade de dispor de etanol de biomassa produzido de forma
competitiva, que pode somar-se aos derivados de petróleo para
gerar produtos de alto valor ambiental.