História dos Quadrinhos no Brasil

História dos Quadrinhos no Brasil

Nhô Quim, de Angelo Agostini
Nhô Quim, de Angelo Agostini

Século XIX – Em 1869, Angelo Agostini, italiano radicado no Brasil, inicia as novelas ilustradas com As Aventuras de Nhô Quim, publicadas na revista Vida Fluminense. Na década seguinte funda a Revista Ilustrada, na qual desenvolve As Aventuras de Zé Caipora (1876).

1905 – Surge O Tico-Tico, a primeira revista infantil brasileira a publicar história em quadrinhos, lançada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e Silva. Publicada em cores, pela editora O Malho, é inspirada na revista francesa La Semaine de Suzette, cuja personagem principal recebe no país o nome de Felismina. Exceto por algumas criações nacionais – como Jujuba, de Jota Carlos; Chico Muque, de Max Yantok; e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luís Sá –, a maioria dos desenhos e histórias são reproduções de originais estrangeiros. O mais famoso personagem, Chiquinho, é uma cópia de Buster Brown, de Richard Outcault. As décadas seguintes testemunham algumas tentativas de publicação de histórias em quadrinhos no país, com as revistas O Tatuzinho, O Juquinha e O Cômico Infantil, que atingem relativo sucesso, mas acabam por desaparecer em poucos anos dos pontos-de-venda.

1934 – Adolfo Aizen impulsiona a produção de quadrinhos no país ao editar o Suplemento Infantil, encarte semanal do jornal carioca A Nação. Com o sucesso alcançado, a publicação torna-se independente e adota o nome de Suplemento Juvenil. Além do primeiro personagem brasileiro a alcançar projeção nacional –Roberto Sorocaba, criação de Monteiro Filho –, traz também histórias estrangeiras, como Flash Gordon, Mandrake, Tarzan, Popeye e Mickey.

1937 – Para concorrer com o Suplemento Juvenil, o jornalista e empresário Roberto Marinho lança o Globo Juvenil, consegue exclusividade com a King Features Syndicate (1939) e passa a publicar quase todos os grandes sucessos do concorrente. Renato Silva, com A Garra Cinzenta, é o precursor das histórias de terror. A história é publicada na Gazetinha, em São Paulo.

1939 – Lançamento de Gibi, nome que até hoje é sinônimo de revista em quadrinhos. Em seu primeiro número apresenta, entre outras histórias, Li’l Abner (Ferdinando), de Al Capp; César e Tubinho, de Roy Crane; e Barney Baxter, de Frank Miller.

Década de 40 – A Editora Brasil-América (EBAL), fundada em 1945 por Adolfo Aizen, intensifica a produção dos comic books. Entre seus títulos estão a Edição Maravilhosa e o Álbum Gigante, que traziam a quadrinização de romances clássicos brasileiros, com desenhos de André Le Blanc, Nico Rosso, José Antonio Rossin e Nilo Cardoso, introduzidos por belíssimas capas do pintor Antonio Euzébio. Nessa época se destacam as revistas Gibi Mensal, O Gury, O Lobinho e o Globo Juvenil Mensal.

Década de 50 – Victor Civita funda a Editora Abril e lança a revista O Pato Donald, o primeiro dos personagens Disney que traz para o Brasil. Surgem histórias de terror que revelam nomes como Jayme Cortez, Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Nico Rosso e Flávio Colin. Péricles sobressai com O Amigo da Onça (1952), publicado durante vinte anos em O Cruzeiro. Em 1959, Pererê inova ao tratar de temas como reforma agrária e ecologia. Seu autor, Ziraldo Alves Pinto, cria outros personagens tipicamente brasileiros, como The Supermãe e O Menino Maluquinho. Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, desenvolve os catecismos, quadrinhos pornográficos vendidos clandestinamente.

Década de 60 – Com A Turma da Mônica, Mauricio de Sousa dá início ao maior sucesso editorial na área de quadrinhos já obtido no país, trabalhando com produção em série e merchandising. Apesar da concorrência com os quadrinhos norte-americanos, exporta para os Estados Unidos, a Europa e a América Latina. Outros destaques são O Pato (1966), de Cecília Alves Pinto; e o Capitão Cipó (1968), de Daniel Azulay.

Década de 70 – Durante o regime militar, os quadrinhos de crítica social destinados a adultos sofrem censura. Há trabalhos isolados, como o de Henfil, com Os Fradinhos no Pasquim e A Graúna no Jornal do Brasil; e o de Jaguar, com Chopinics. O Balão, fanzine nascido na Universidade de São Paulo (USP) em 1972, revela Luís Gê, Laerte, Kiko, Angeli e Paulo e Chico Caruso. No início de 1970, a Editora Abril publica a revista Mônica, com o mais famoso personagem de Maurício de Sousa, que rapidamente atinge grande sucesso e sinaliza para o posterior predomínio do autor nos quadrinhos infantis. A revista Crás, pela mesma editora, que almejava abrir espaço para os autores brasileiros, não atinge sucesso, sendo cancelada depois de alguns números.

Década de 80 – A imprensa abre espaço para os quadrinhos de Laerte (Piratas do Tietê), Glauco (Geraldão) e Angeli (Chiclete com Banana), além de Chico e Paulo Caruso (Avenida Brasil) e Fernando Gonsales (Níquel Náusea). Angeli, Laerte e Glauco se unem para lançar Los 3 Amigos. Luís Fernando Veríssimo destaca-se com as tiras Ed Mort, ilustradas por Miguel Paiva, e Família Brasil.

Década de 90 – A crise econômica afeta fortemente o mercado de quadrinhos. Muitos profissionais passam a ilustrar roteiros para outros países, especialmente os Estados Unidos. Otávio Cariello, por exemplo, inspira-se nas características físicas do ex-presidente Fernando Collor e do ex-ministro Delfim Netto para compor os personagens da série norte-americana A Rainha dos Condenados (1993), baseada no romance de Anne Rice. A tentativa de quadrinizar nomes populares da televisão, como Os Trapalhões e Xuxa, não garante bons resultados, e as publicações fecham depois de alguns anos. Uma das exceções é o personagem Senninha, que sobrevive até abril de 1999, graças à Fundação Ayrton Senna. Diversas editoras independentes que publicam somente quadrinhos nacionais, como a revista Metal Pesado, também encerram suas atividades. No final da década, alguns desenhistas que fizeram sucesso nos Estados Unidos, como Marcelo Campos e Marcelo Cassaro, voltam para o Brasil e publicam histórias próprias, esporadicamente. Entre as criações isoladas têm destaque Gatão de Meia Idade, de Miguel Paiva; Amazônia, Pantanal e Tietê, da série Ecologia em Quadrinhos, de Cláudia Lévay; e O Boi das Aspas de Ouro, de Flávio Colin. Apoiada pelo governo do estado de São Paulo, a dupla Paulo Garfunkel e Líbero Malavoglia lança os álbuns O Vira-Lata, edições dirigidas aos presidiários da Penitenciária do Estado. As histórias de aventura, ação, crime e sexo divulgam o uso de preservativos. A grande quantidade de fanzines aponta uma nova tendência: os adolescentes preferem fazer quadrinhos a lê-los. Quadrinhos interativos começam a aparecer na Internet, como Netxcalibur, produzido por Luiz Gê.

Anos 2000 – Predominam as adaptações de desenhos animados japoneses infantis para revistas em quadrinhos, como os personagens da série Pokémon. A Editora Abril publica os trabalhos de Alex Ross e Paul Dini, álbuns pintados como fotorrealismo. As histórias Super-Homem – Paz na Terra, Batman – Guerra ao Crime e Shazam – O Poder da Esperança têm como característica não possuírem balões de fala, algo incomum nas histórias desses personagens. No fim de 2000, surge nas bancas brasileiras Dragon Ball, mangá publicado em português pela Editora Conrad, que mantém a paginação, o formato de leitura e as onomatopéias originais da publicação japonesa. É o primeiro de uma série de títulos de mangás com as mesmas características editoriais a serem publicados no país nos anos seguintes, entre os quais se destacam Samurai X, Vagabond, Fushigi Yugi, Neon Genesis Evangelion e Sakura Card Captors. Em 2001, a compilação das aventuras de O Gralha chega às bancas. Mistura de Flash Gordon e Super-Homem, o personagem foi criado por Francisco Iwerten nos anos 40, e novas histórias vêm sendo criadas coletivamente por quadrinistas de Curitiba. A Editora Abril deixa de publicar os super-heróis Marvel no país. Os títulos são assumidos pela Panini Comics Brasil, que também lança os personagens da DC Comics e se firma como a editora com o maior número de títulos de revistas em quadrinhos no mercado brasileiro. A Editora Ópera Gráfica lança o álbum O Filho do Urso e Outras Histórias, de Flávio Colin (1930-2002), publicado postumamente. Com a publicação de A Soma de Tudo - Parte 2, Lourenço Mutarelli conclui a série de álbuns protagonizados pelo detetive Diomedes. Já consagrados nos jornais, Fernando Gonzales e Laerte publicam coletâneas. Em 2004, Mutarelli também lança a sua, Mundo Pet, com histórias publicadas originalmente no site Cybercomix.

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